Dance a vida com as suas cores
Fui aprendendo a viver de acordo com uma bitola que se tornou presente em cada escolha que faço, em cada decisão que tomo.
Essa bitola é a "minha verdade”.
Não uma “verdade “que sai do ego e teima em ser universal e inquestionável.
Não uma “verdade” que surge por uma autoafirmação cega e rebelde.
É, antes, uma verdade que assenta na profundeza dos meus sentimentos, e daquilo que faz sentido para mim e me pacifica.
Ter aprendido a adotar esta postura, e a ouvir-me “dentro”, foi suavizando o meu percurso e por isso escolhi falar disso hoje.
Muitas vezes a verdade individual é adormecida em função do que é melhor aceite socialmente.
Muitas vezes a verdade, os sonhos e os dons individuais perdem-se no realinhamento com a orientação de um "rebanho" - por vezes amorfo - em que cada pessoa escolhe manter-se.
A necessidade de aceitação e de estar dentro da ordem não tem mal algum se for uma escolha desejada em verdade e consciência, que não viole a autenticidade do indivíduo. Caso contrário torna-se castração.
Eu já fui muito assim. Já algumas vezes me perdi de mim mesma no passado.
Mas as experiências ensinaram-me a reconhecer a voz do ego quando ele esbraceja para que me conserve num lugar (supostamente) seguro.
Para que não me desvie da orientação imposta pelas "palas" sociais que turvam o olhar. Do lugar onde nada acontece.
De um patamar onde a vida não flui. Onde se sobrevive apenas.
O esbracejar desse ego, que tanto nos quer proteger dos supostos perigos da vida, muitas vezes me castrou vontades, me bloqueou emoções, me tolheu movimentos e me impediu de alinhar no fluxo de vida.
Ao longo do tempo aprendi a reconhecer quando o movimento se alinha pelo ego.
Depois de um primeiro impacto (que por vezes ainda me pode "abanar"), consigo facilmente reconhecer a sua "voz".
O coração traz paz, o ego traz medo.
É fácil sentir isso.
Quando me apercebo dessa limitação interna, limito-me a sorrir e olhar para ele (o ego): “Eu vejo-te. Mas escolho outro caminho. O caminho que vem do coração e do amor, e não da mente e do medo”.
Danço a vida de acordo com as cores que nela quero colocar.
Recuso-me a permanecer num olhar limitante onde predomina o cinzento em detrimento da cor.
Onde prevalece o sobreviver em lugar do viver.
Onde a sombra se sobrepõe à luz.
Onde se repetem padrões cegos que seguem a estagnação do ser, em lugar do crescimento pessoal.
Em que o medo paralisa e nos priva do fluir da existência.
A vida vive-se e dança-se de acordo com as cores que nela queremos colocar. As nossas cores!