Criança Interior ferida. O que é?
Grande parte das pessoas que procuram ajuda emocional parecem trazer pela mão uma criança ferida. Trazem sinais evidentes de uma baixa autoestima, dificuldade em enfrentar as mudanças exigidas pela vida, um medo de não conseguirem estar à altura, ou de não conseguirem lidar com a frustração. Trazem sinais de perfeccionismo exagerado, de criatividade bloqueada, de autodesvalorização, ou de dificuldade em seguir objetivos, entre muitos outros.
Então o que significa uma criança interior ferida?
Talvez a melhor forma de o explicar sem complicar, seja ilustrar uma situação:
Imagine uma criança que, na ligação com os seus cuidadores, ouvia constantemente palavras do tipo “se te portas mal não gosto de ti”, ou “tiveste boa nota mas não fizeste mais que a tua obrigação”, “não fazes nada de jeito”. Ou seja, de alguma forma não foi sendo valorizada nem reconhecida por ser quem era.
De alguma forma a criança foi sentindo que o amor estava “condicionado” ao facto de se portar bem. De ser boazinha.
A criança vai então crescendo aceitando esses conteúdos como verdades absolutas vindas das suas figuras de referência.
Os pensamentos e conceitos que aprende tornam-se nocivos para o seu desenvolvimento, condicionando os seus futuros comportamentos na vida adulta. Essas “aprendizagens” foram sendo consolidadas à imagem do que a criança (e não o adulto) era capaz de entender (mesmo que a intenção dos pais não tivesse sido essa).
Como vai a criança acreditar em si própria se não sentiu que era valorizada e acreditada? Como se vai tornar uma pessoa adulta equilibrada se não se sentiu nutrida emocionalmente?
Enquanto criança, ela não tem estrutura para tirar outras ilações que não seja aquilo em que os cuidadores a fazem acreditar. Vai desenvolvendo máscaras e estratégias para sobreviver e para que gostem dela.
Em adulta continua com a convicção inconsciente de que não vale o suficiente para ser amada.
Uma criança ferida pode acabar por se tornar um adulto que fere. Ou um adulto que não se permite receber amor (porque acha que não o merece).
Com a hipnoterapia recuamos ao momento dessas vivências e ao relacionamento com os cuidadores. É possível retirar o peso dessas “ordens” mentais que foram cristalizando dentro da pessoa. É possível sentir que se faz "justiça".
Depois disso, o entendimento do adulto prevalece e ele sabe que não tem que mostrar o que quer que seja para ser amado. Pode e deve ser ele mesmo porque MERECE sempre ser amado. Merece o melhor. É para isso que todos cá andamos.
É assim alcançado um novo olhar porque tudo o que existia aos olhos da criança do passado passou a ser assimilado e entendido aos olhos do adulto que é capaz de REsignificar esses comandos internos.