O meu ritual diário.
Lembro-me que, nos meus tempos de criança, muitas pessoas acolhiam regularmente em casa uma espécie de pequeno altar portátil (acho que se chamava oratório). Era uma pequena caixa de madeira trabalhada, com duas portas, e continha a imagem de Nossa Senhora.
O altar circulava pela casa das pessoas, e ficava um dia em cada casa. Nesse dia, as pessoas mantinham uma lamparina acesa junto a ele, como sinal da sua devoção.
Esse ritual, alimentou algo no meu espírito de modo que, até hoje, conservo essa memória de forma muito carinhosa.
Penso que esse procedimento já não se pratica hoje em dia, mas tal não invalida a existência de um recanto especial dedicado aos nossos momentos mais sagrados. O que importa nesses rituais é o sentido que lhes damos e a forma como ressoam internamente em cada pessoa.
No fundo, trata-se de um pequeno altar para oração. Para algumas pessoas basta apenas uma simples imagem ou outro símbolo que lhes sirva de conforto ou de âncora para os momentos mais difíceis. Para outros basta uma basta uma pequena reverência diária.
Pessoalmente, habituei-me a desenvolver uma prática de “centramento” e de conexão comigo mesma e com o Divino que, sendo feita diariamente, me traz maior firmeza interna, e maior coerência e serenidade comigo mesma. Vou contar-vos.
Como vivo na natureza, escolho um local onde posso estar sossegada e sozinha. Nesse local gosto de criar um pequeno espaço onde coloco alguns objetos que simbolizam cada um dos quatro elementos da natureza, e também alguma imagem como símbolo do Divino (mas não é necessário que assim seja).
Aprendi a desenvolver mecanismos que me permitem ligar-me a uma sensação de maior plenitude e gratidão e de conexão com a terra e o sol.
Para mim, quanto mais simples melhor porque é assim, na simplicidade, que tudo me faz sentido. Muitas vezes são os pequenos toques de encantamento que alimentam a alma.
Depois, todos os dias, reservo alguns momentos a sós, apenas comigo própria. É “o meu momento”. Normalmente faço isso de manhã para não deixar que outros afazeres me desviem desse momento que tanto me alimenta o espírito.
Acendo uma vela, queimo um pau de incenso de qualidade (ou ervas naturais), medito, faço algumas orações conforme o que sentir que me apetece nesse dia (normalmente o que me traz o coração), e muitas vezes acabo por me comover com a sacralidade desse momento.
Esta é uma sugestão que podes experimentar e que ajuda muito à conexão interna e a alcançar a nossa paz interior.
"Hoje, nenhuma pessoa, lugar ou coisa pode me irritar ou irritar. Eu escolho ficar em paz" – Louise Hay